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domingo, 7 de fevereiro de 2010

O italiano que está em mim

Cláudia, nascida em 1966, no bairro Cavalhada(Porto Alegre), cidadã italiana há 15 anos, formada em Comunicação Social em 1989, com mestrado e atuação na Itália declara:

‘Em 1996, voltei ao Brasil e, para ajudar os amigos, abri um escritório de assessoria na obtenção de cidadania italiana. Meu pai NATAL TAMBARA ANTONIN, nasceu no Marmeleiro(Jaguari-RS), onde sua família tinha moinho e negócio de secos e molhados.

Os Tambara vieram de Verona em 1896. Os bisavós, Francesco Tambara e Eufemia Lumini partiram de Gênova com os filhos Teresa, minha avó, Paolina e Anselmo. Francesco nascera em Oppeano-VR. Foi professor por 43 anos em Jaguari e exigia dos filhos a leitura da Divina Comédia. Faleceu em 1939, desgostoso com o fechamento de sua escola durante a campanha de nacionalização de Getúlio Vargas.

A avó, Eufemia Lumini, filha de pai desconhecido e de Anna Burgstaller, nasceu em 1861 em Verona e foi entregue ao orfanato local. Faleceu em 1936 no Marmeleiro. Nossa cor morena vem do bisavô Francesco Tambara. Seu sobrenome só existe em Verona e significa trovejar. Logo eu, que dou um dedo para evitar uma briga e um braço para não sair...

A família Antonini, de Motta di Livenza-TV, chegou em 1888 e era assim: Antônio Domenico e Marina Franzin e os filhos Giovanni, Genoveffa, Guido, Cattarina e Francesco. Gildo nasceu quatro anos após a chegada.

Meus avós, Teresa e Gildo, casados em Jaguari, tiveram os filhos Ermelinda, Attilio, Olindo, Orlando, Duvilio e Natal, que é meu pai.

A morte do nono Gildo, quando o pai tinha 15 anos, forçou a migração para Porto Alegre, onde recriaram a atmosfera de Jaguari, falando talian, morando em casa com cozinha separada, mais pomar, parreiral, tachos de fazer sabão, tinas de quarar roupas, fogão à lenha, muitos gatos, café da manhã com polenta brustolada, leite e ovo mole. Passei muitas manhãs de sábado cortando gnocchi para o almoço. Este era servido com carne de panela recheada com toucinho e molho de tomate. Lembro da massa, espichada em rolo de madeira, para a minestra de fasoi, e dos pedaços de massa que surrupiávamos para tostar com açúcar sobre a chapa do fogão...

Um dos fatos que marcaram a minha italianidade foi descobrir a origem do termo papagnoco, que a nona Teresa usava quando fazíamos alguma bobagem. Em 1990, estando eu pela primeira vez em Verona, ouvi a mesma palavra quando vi aproximar-se um bufo e gordo cozinheiro, agitando enorme garfo, com um grande gnoco. Era o palhaço do carnaval de Verona – Il papà dello gnoco-, que distribuía, no Vernadignocolar, nhoques gratuitamente, tradição que remonta ao século XVI, quando o nhoque era oferecido aos moradores sobre La piera Del gnoco, que hoje está em frente à Catedral de San Zeno, junto à estátua decapitada de Tomaso da Vico, fundador do carnaval Veronês.

Sabia que os Antonini eram de Treviso. A nonina contava que atravessavam uma ponte de ferro austríaca para ir ao santuário da Madonna, que eu pensava que jamais viria a conhecer. Mas consegui! Fui às bibliotecas de Treviso e à Cúria para saber onde havia pontes de ferro austríacas perto de santuários, e os marquei num mapa. Ao atravessar a primeira ponte, entrei no Santuário da Madonna di Livenza, assisti à missa, e fui falar com o padre, que me levou à pia batismal, e me disse:

-Guarda, qui i tuoi sono stati battesati!

Esperei um bom tempo para que me mostrasse os documentos, cujas inesperadas páginas marquei com lágrimas de emoção”.


Fonte:
CORREIO RIOGRANDENSE – Cultura da Imigração, página 16, Cláudia Antonini-Comunicadora-Porto Alegre.

2 comentários:

  1. Oi Rackel!

    Parabéns pela página.

    Te informo que estamos em plena pesquisa dos Tambara.

    Sabemos o nascimento e casamento do Francesco mas não estamos conseguindo encontrar o nascimento de Teresa, Maria, Paolina e Anselmo.

    A última descoberta ocorreu semana passada. Descobrirmos que logo após o casamento o Francesco e Eufemia sairam de Oppeano e foram residir em San Giovanni Lupatoto, há cerca de 17km de distância.

    Já pesquisamos também os nascimentos dos Tambara filhos em San Giovanni Lupatoto e nenhum nasceu lá.

    Agora estamos fazendo uma varredura de toda a zona da "Baixa Veronese" onde provavelmente eles se estabeleceram.

    Tenho as datas dos nascimentos destes quatro filhos que estamos procurando: Maria, 3/10/1890, Paolina, 1/4/1892, Anselmo 21/4/1893, e Teresa (minha avó) 3/8/1895.

    Também tenho a data da chegada da família em Jaguari: 29/08/1896.

    Curiosidade: o Francesco foi batizado na igreja de Igreja S. Maria Addolorata que pode ser vista no site http://parrocchie.sinac.it/Oppeano/index.html

    Também estou tentando pesquisar a história da Eufemia Rosa Maria Lumini, filha de Anna Burgstaller e pai desconhecido, nascida em 1862 na capital da província, em Verona. Estou pesquisando os orfanatos de Verona.
    Já sei que o sobrenome Burgstaller é originário da região da Caríngia, sul da Austria e norte das regiões Veneto, Friuli e Trento, ou seja, o Tirol do Sul. Quando tiver resultados te aviso.

    Ah! Tenho uma ótima foto deles, vou colocar no meu blog claudiaantonini.blogspot.com), super pouco, para poderes "roubar".

    Poderá ser difícil refazer os caminhos do Francesco e da Eufemia pois sabemos que ele era agricultor na Itália(conta a profissão no casamento) e, naquela época, no início do outono, 11 de novembro, dia de San Martino, os donos das terras renovavam ou não os contratos com os trabalhadores agricolas e havia muita mudança de propriedade, fazendo com que os filhos nascessem espalhados no território porque as cidades ("comuni") são super pequenas e super próximas.

    Bem é isso.

    Espero que você siga publicando novidades.

    Tudo que eu descobrir te mando e seria ótimo que quem da família soubesse mais dados, ou até histórias pitorescas sobre nossos antepassados, postasse aqui para que se pudesse construir melhor a história da família.

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  2. Que ótimo, Cláudia. O que publiquei se baseia em pesquisas tuas - dá para notar, não é? - e dados pesquisados em Jaguari, dentre outros. Agora vou checar junto ao Mário Tambara, filho do Anselmo os dados dos demais filhos do Francesco. Abraço fraterno.

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